Heloísa era
uma menina muito romântica. Morreu de amores quando seus olhos de sonho
cruzaram com os de Marcelo, meio escondidos, atrás dos óculos de grau.
Conversa vai, conversa vem, Marcelo também se interessou por ela. Logo os dois
começaram a sair e por fim iniciaram um namoro. Os dois se davam bem. Porém, no
decorrer dos anos, Marcelo sempre muito prático, não conseguia lidar com o lado
romântico da moça. Foi então que ele começou a querer passar mais tempo
sozinho. Desligava o celular e demorava para responder os vários smss que Heloísa
lhe mandava durante o dia. E quando ela lhe perguntava o motivo ele inventava
uma desculpa. Trabalho, estresse, dor de cabeça e mais trabalho.
Às vezes,
Helô passava algumas semanas na casa do namorado. Devido a isso, achou por bem, deixar alguns de seus pertences por lá. Peças de roupa e alguns objetos pessoais. Delicada, como era, decidiu que não seria nada demais, dar um toque feminino ao apartamento. Umas flores na janela. Cortinas mais claras. Algumas fotografias espalhadas pela casa. Marcelo, a princípio, não quis reclamar sobre aquelas mudanças. Apesar de sentir-se invadido. Outro fato que lhe aborrecia, era a chacota dos amigos. Eles insistiam em dizer que Marcelo agora, era um homem dominado e que logo logo estaria casado.
Depois de passar uns dias na casa do Marcelo, Hêlo teve uma ideia. Sempre que ia embora sentia tantas saudades. Acreditava que o namorado compartilhasse esse sentimento. Por ela, os dois estariam morando juntos. No entanto, Marcelo reagia de forma bastante reticente sempre que o assunto era mencionado. Heloísa queria apenas que ele entendesse o quanto isso seria bom para os dois. Afinal, estavam juntos há três anos. Pensando nisso, resolveu colocar sua ideia em prática. Algo simples, mas carinhoso. Pensou naquele gesto como uma forma de lembrá-lo o quanto ela o amava. O quanto queria estar com ele para o resto da vida. Borrifou umas gotinhas de perfume no travesseiro dele e escreveu um bilhete.
"Gostaria tanto de poder dormir e acordar com você pro resto da minha vida. Sinto tanto a sua falta. Odeio ir embora. Deixei um pouco do meu cheiro no seu travesseiro. Gostaria que você pensasse com carinho sobre a ideia de morarmos juntos. Por favor! Te amo!!"
Marcelo saiu cedo aquela manhã, Hêlo ainda estava dormindo. Sabia o quanto ela ficava melosa sempre que ia embora e ele não estava à fim de cena. Assim que deitou, sentiu o cheiro do perfume dela, Era bom, mas de alguma forma isso o irritou. Quando leu o bilhete, sentiu-se muito inquieto. Pensou no que os amigos diriam. Pensou no que seria da sua liberdade. Pensou nas roupas dela misturadas às suas. Escovas de dente juntas. A rotina de uma vida de casados. Isso era demais pra ele. Marcelo sentiu-se sufocado. Odiava quando ela tocava nesse assunto. Olhou fixamente para o bilhete por alguns segundos. Com raiva e frustração jogou-o na lixeira e tomou uma decisão. Aquilo acabava ali. Não queria continuar se enganando. Foi então que, dias depois. Alegando não ser merecedor daquele sentimento, Marcelo terminou tudo com Hêlo. Disse apenas que estava deixando-a livre para encontrar o cara certo. Alguém que a merecesse e que realmente pudesse fazê-la feliz.
Depois de passar uns dias na casa do Marcelo, Hêlo teve uma ideia. Sempre que ia embora sentia tantas saudades. Acreditava que o namorado compartilhasse esse sentimento. Por ela, os dois estariam morando juntos. No entanto, Marcelo reagia de forma bastante reticente sempre que o assunto era mencionado. Heloísa queria apenas que ele entendesse o quanto isso seria bom para os dois. Afinal, estavam juntos há três anos. Pensando nisso, resolveu colocar sua ideia em prática. Algo simples, mas carinhoso. Pensou naquele gesto como uma forma de lembrá-lo o quanto ela o amava. O quanto queria estar com ele para o resto da vida. Borrifou umas gotinhas de perfume no travesseiro dele e escreveu um bilhete.
"Gostaria tanto de poder dormir e acordar com você pro resto da minha vida. Sinto tanto a sua falta. Odeio ir embora. Deixei um pouco do meu cheiro no seu travesseiro. Gostaria que você pensasse com carinho sobre a ideia de morarmos juntos. Por favor! Te amo!!"
Marcelo saiu cedo aquela manhã, Hêlo ainda estava dormindo. Sabia o quanto ela ficava melosa sempre que ia embora e ele não estava à fim de cena. Assim que deitou, sentiu o cheiro do perfume dela, Era bom, mas de alguma forma isso o irritou. Quando leu o bilhete, sentiu-se muito inquieto. Pensou no que os amigos diriam. Pensou no que seria da sua liberdade. Pensou nas roupas dela misturadas às suas. Escovas de dente juntas. A rotina de uma vida de casados. Isso era demais pra ele. Marcelo sentiu-se sufocado. Odiava quando ela tocava nesse assunto. Olhou fixamente para o bilhete por alguns segundos. Com raiva e frustração jogou-o na lixeira e tomou uma decisão. Aquilo acabava ali. Não queria continuar se enganando. Foi então que, dias depois. Alegando não ser merecedor daquele sentimento, Marcelo terminou tudo com Hêlo. Disse apenas que estava deixando-a livre para encontrar o cara certo. Alguém que a merecesse e que realmente pudesse fazê-la feliz.
Era uma vez, mais uma garota com o coração partido.
Heloísa, juntou o resto de coragem que ainda tinha. Pegou tudo que era seu. Levou embora as flores, os cds, as fotos, as toalhas e as cortinas. Retirou suas poucas roupas do armário e todos seus objetos pessoais. A única coisa que restou como prova de sua presença ali, foram: seu cheiro no travesseiro e as lembranças de tudo o que tinham vivido. O tempo se encarregaria de apagar todo o resto.
Heloísa, juntou o resto de coragem que ainda tinha. Pegou tudo que era seu. Levou embora as flores, os cds, as fotos, as toalhas e as cortinas. Retirou suas poucas roupas do armário e todos seus objetos pessoais. A única coisa que restou como prova de sua presença ali, foram: seu cheiro no travesseiro e as lembranças de tudo o que tinham vivido. O tempo se encarregaria de apagar todo o resto.
Marcelo
sentiu como se tivesse acabado de tirar um peso dos ombros. Estava livre e não
tinha mais que dar satisfações a ninguém. Poderia viver sua vida como bem
entendesse. Não queria pensar em relacionamentos nem tão cedo. Para
comemorar a reconquista da sua liberdade, passou a sair mais com os amigos. Madrugou em festas. Bebeu até passar da conta e saiu com várias garotas. Estava
vivendo a vida perfeita. Mas ainda assim, vez ou outra, se sentia vazio e nunca
estava completamente feliz. A verdade é que nenhuma das garotas com quem saía
era tão esperta quanto Heloísa. Nenhuma delas tinha aquele sorriso de cantinho
de boca. Nem o olhar tímido e sonhador. Nem as palavras de calma para os seus
dias ruins. A verdade, é que com o passar dos dias, Marcelo começou a sentir
falta de alguém que se importasse com ele. À noite, antes de dormir, ele
agarrava-se ao travesseiro que ainda guardava o cheiro doce e suave daquela
mulher. Cheiro que ia desaparecendo um pouquinho a cada dia.
Não
era a primeira vez que Heloísa saía de uma relação com o coração partido. Ainda assim, doía muito. Ela sofria na mesma medida em que amava, intensamente.
Apesar de tudo, prosseguiu com a sua vida. Focou ainda mais no seu trabalho. Tirou mais tempo para cuidar de si e se distrair um pouco mais. Quem sabe um
dia encontraria alguém que a aceitasse do jeito que era? Alguém que a pedisse
pra ficar. Enquanto não encontrava essa pessoa, Helô sonhava. Quanto mais
sonhava mais pensava que Marcelo poderia – se quisesse – ter sido o grande amor
da sua vida. Nas horas mais difíceis começava a acreditar que era tarde demais. Que felicidade e amor eram utopias. Que talvez devesse encontrar apenas uma
companhia agradável que estivesse na mesma situação que ela. Alguém somente
para suavizar o peso da solidão.
Certo
domingo pela manhã, Heloísa estava sozinha em casa quando escutou a campainha. Tomou um susto, pois não estava esperando ninguém. Qual não foi sua surpresa ao
dar de cara com Marcelo. Cabelos castanhos. Barba por fazer. Semblante cansado, triste. Olhos mergulhados em algo que ela não conseguiu entender. Sentiu raiva quando percebeu que seu coração estava batendo mais rápido.
Heloísa ainda estava de meias. Um pijama desbotado no qual ela havia derramado chocolate. Seus cabelos estavam presos num coque mal feito. Carregava um semblante de quem passara a noite acordada. Tinha um aspecto mal cuidado, mas nada disso conseguia esconder sua beleza. Muito pelo contrário. Aquela naturalidade a deixava muito mais bonita. Heloísa não disse nada. Ficou parada na porta esperando que Marcelo dissesse alguma coisa. Ficaram em silêncio por quase um minuto inteiro até que Hêlo finalmente perguntou:
Heloísa ainda estava de meias. Um pijama desbotado no qual ela havia derramado chocolate. Seus cabelos estavam presos num coque mal feito. Carregava um semblante de quem passara a noite acordada. Tinha um aspecto mal cuidado, mas nada disso conseguia esconder sua beleza. Muito pelo contrário. Aquela naturalidade a deixava muito mais bonita. Heloísa não disse nada. Ficou parada na porta esperando que Marcelo dissesse alguma coisa. Ficaram em silêncio por quase um minuto inteiro até que Hêlo finalmente perguntou:
- Quer entrar?
- Não, quer dizer, quero – respirou fundo e emendou – não
quero incomodar você.
- Não vai.
Ela deu uns passos para trás
deixando o caminho livre para Marcelo que entrou meio indeciso. Não esperava que pudesse ser tão corajosa e controlada. Tratá-lo bem estava sendo difícil, porque no fundo, ela queria gritar com ele.
- Senta ai.
Ela sentou
no sofá, cruzou as pernas e olhou fixamente para Marcelo. Era claro que ela
estava esperando que ele explicasse alguma coisa. Ele sentou e passou os olhos
pela sala. Livros novos nas prateleiras e alguns abertos sobre o sofá.
- Estudando
muito?
- Um pouco.
Tem sido difícil me concentrar. Como tem passado? Trabalhando muito?
- Um pouco,
as coisas estão meio difíceis.
- Pra mim
também.
[Silêncio]
- Helô, posso te perguntar uma coisa?
- Pode.
- Você já encontrou aquela pessoa?
- Não, por quê?
Marcelo não
sabia mais como continuar com aquela conversa. Sentia-se um perfeito idiota. Queria ir embora. Hêlo já não parecia sentir nada por ele. Olhava-o com outros
olhos. Talvez ela até tivesse encontrado alguém e estivesse sem coragem para
contar. Sentiu-se inoportuno, queria não ter tomado a decisão de ir vê-la. O
que fazer?
- Por nada.
- Ahh.
- Olha eu já vou indo, vim porque
queria te ver, saber se você estava bem.
- Já?
- É...
- Tudo bem, que bom que você veio.
- Se cuida – disse quando já estava
perto da porta.
- Você também, se cuida.
Heloísa
tremia por dentro. Estava confusa. Por alguns segundos acreditou que Marcelo
estava ali para lhe dizer algo importante. Mas ele estava estranho, arredio. Ela simplesmente não sabia o que fazer, então só podia esperar. Ela queria
abraçá-lo, mas não conseguiu se mover. Ele queria fazer o mesmo, mas tinha medo
da reação dela. Por fim fez um breve aceno e saiu fechando a porta atrás de si.
Assim que viu Marcelo indo embora, Heloísa viu suas esperanças desabarem de vez,
e, junto com elas, lágrimas escorreram pesadas pela sua face. Sentiu-se uma
idiota por não ter dito tudo que estava sentindo. Mas Marcelo também não lhe
dera nenhum sinal, apressado, estranho.
Marcelo desceu as escadas sentindo
um aperto no peito. Não queria ir embora dali. Queria ter dito tudo o que havia
ensaiado, mas tinha medo que Heloísa o desprezasse. Ficou parado na entrada do
prédio dela e um pensamento lhe ocorreu: o que ele tinha a perder afinal? Deu
meia volta e subiu correndo as escadas. Heloísa olhou da janela e viu Marcelo
parado em frente ao prédio. Será que ainda havia tempo de chamá-lo e dizer tudo
o que estava sentindo desde que haviam se separado? Não havia motivo em sentir
medo. Abriu a porta cruzou o corredor. Já ia descer as escadas quando deu de
cara com Marcelo que sorriu largamente.
- Oi. – ele disse.
- Oi. – ela respondeu.
- Queria te dizer uma coisa, não ia
ficar em paz se não dissesse.
- Eu também precisava te dizer uma
coisa, mas fala você primeiro.
- É que, sabe aquele cheiro que você
deixou no meu travesseiro?
- Sim.
- É que ele acabou, eu quero ele de
volta, quero você de volta.
- Marcelo, sabe aquela pessoa sobre
quem você perguntou hoje mais cedo?
- O que é que tem?
- É que eu já a encontrei.
Marcelo
ficou sem reação. Mal podia acreditar que Heloísa havia encontrado outra
pessoa. Quis ficar com raiva, mas no fundo ele sabia que a culpa de tê-la
perdido era toda sua.
- Entendo. Então, felicidades ao
casal.
Heloísa deu
aquele sorriso de canto de boca deixando Marcelo ainda mais desorientado.
- Espera, ainda tenho que te dizer uma coisa, lembra?
Marcelo fez que sim com a cabeça e Hêlo prosseguiu:
- Acontece que essa pessoa que eu encontrei é você.
Marcelo fez que sim com a cabeça e Hêlo prosseguiu:
- Acontece que essa pessoa que eu encontrei é você.